Dilma duelou contra 3, mas os 3 não tinham munição suficiente para abalá-la. E ainda pode ter tirado vantagem do fato, por ter ficado na posição de vítima de um linchamento.
Quando Serra, Marina e Plínio perguntaram entre si, Serra atacou Dilma sistematicamente sem que ela tivesse direito de se defender. Marina e Plínio, algumas vezes, entraram nesse jogo.
Quando Serra, Marina e Plínio perguntaram entre si, Serra atacou Dilma sistematicamente sem que ela tivesse direito de se defender. Marina e Plínio, algumas vezes, entraram nesse jogo.
Apesar dessa desvantagem numérica, Dilma se saiu bem. De novo, quando teve a palavra, fixou-se na agenda positiva do governo, defendendo o "Minha Casa, Minha Vida", o PAC, a geração de empregos, as ferrovias, os programas sociais, as UPP's. Foi a candidata que deu mais motivos a um eleitor para votar nela.
Ela foi muito feliz logo na primeira pergunta.
Marina perguntou sobre o trabalho informal.
Dilma fez a festa, falando dos recordes de empregos gerados no governo Lula, em torno de 15 milhões até o final do ano, e destacou também aumento do crédito durante o governo Lula e o combate à crise. Fez um golaço.
Marina perdeu um pouco o rumo, e tentou dar uma de jornalista do PIG, dizendo que ela não respondeu (respondeu sim, pois geração de empregos formais é a solução da informalidade), e Marina foi pior na réplica ao defender, ainda que disfarçadamente, o discurso neoliberal de seu vice, de que é preciso sacrificar direitos trabalhistas para "facilitar a contratação".
Dilma defendeu a manutenção dos direitos trabalhistas, e o crescimento para continuar gerando empregos. Fez outro golaço.
Em outros embates com Marina, Dilma também foi bem ao falar em soluções práticas, concretas, para problemas reais da população. Era uma forma de denunciar o discurso rebuscado de transversalidade de Marina (que agrada muita gente), mas desinformado e vazio de respostas que os brasileiros precisam para seus problemas.
Ao responder Plínio sobre partidos e transparência nas doações de campanha, disse: "Nós registramos todas as doações, que são oficiais na minha campanha, todas elas, no Tribunal Superior Eleitoral".
A platéia riu, e Dilma deu uma resposta brilhante, de improviso:
"E gostaria de deixar claro que todas as doações são oficiais. Lamento os risos de quem tem outras práticas. A minha não é essa".
Marina apostou mais na imagem do que no conteúdo. De certa forma ela consegue fazer o que Serra tentou a campanha inteira: angariar votos apenas com a imagem pessoal, numa espécie de populismo sustentável.
Uma fixação em princípios e desinformação
Plínio foi melhor do que no debate anterior, e se aproximou do desempenho dos primeiros debates, abdicando das piadas. Fugiu do populismo denuncista que usou no último debate, e foi bastante ideológico, fiel a seu eleitorado. Fez um bonita consideração final. Mas deve ter ficado com seu mesmo eleitorado fiel que já tinha.
Serra também sofre o problema de mentir, o que é percebido sobretudo pelos paulistas: quando critica o governo federal em temas como saúde, segurança, falta de moradias, catástrofes, metrô, transporte, funcionalismo, e diz que vai resolver tudo isso no Brasil inteiro, perde eleitores em São Paulo, porque sua gestão como governador e prefeito, deixou muito a desejar em todas essas áreas. O paulista sabe das promessas não cumpridas dele como prefeito e governador, e que não terá como cumprir como presidente.
Além disso, ele perde eleitores mais esclarecidos ao mentir, quando criticou tarifas como de telefone, cujas agências reguladoras apenas conferem o reajuste, porque o índice foi determinado no contrato de concessão durante as privatizações, até que se renove as concessões.
Por fim teve um momento acima do tom, quando distribuiu um coice em Marina, ao dizer “Não use sua régua pra medir os outros”... porque não gostou da pergunta de Marina questionando ele por só agora defender o bolsa-família, quando os tucanos e o DEMos tem um histórico de criticar o programa.
Enfim, Serra deve ter sido quem mais perdeu votos.